domingo, 13 de novembro de 2011


- Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez, é a desilusão de um "quase". É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou, ainda joga. Quem quase perdeu, ainda acredita. Quem quase tentou ainda falha. Quem quase amou, nunca amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no medo. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida que quase mata; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na pouca convicção dos abraços, na indiferença de um "Bom dia", quase que sussurrado. Sobra falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance. Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros, há perdão... Para os fracassos, chance... Para os amores impossíveis, tempo... De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Eu não deixo que a saudade me sufoque, que a rotina se acomode, que o medo me impeça de tentar. Desconfio apenas do destino. Embora quem quase morra, esteja vivo... Quem quase vive, já morreu. Um dia abraças-me e não largas. Um dia ficas comigo depois da hora de ir embora, e não vais. Um dia hás-de não ir embora, e ficar. um dia as nossas chaves entrarão na mesma fechadura. E aí (?) o que é teu será teu, o que é meu será meu, mas o que é nosso será junto.

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